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Foto do escritorGeorges Humbert

ESG de verdade e sua implementação


A sigla ESG advém do termo em inglês Environmental, Social and Governance – ou, em português, ASG, referindo-se à Ambiental, Social e Governança.


No mundo dos investimentos, ESG é aquele que incorpora questões ambientais, sociais e de governança como critérios na análise, indo além das tradicionais métricas econômico-financeiras e, com isso, permitindo uma avaliação das empresas de forma holística.


Conceito de ESG na prática

ESG é uma avaliação da consciência coletiva de uma empresa em relação aos fatores sociais e ambientais. Essa forma de pensar e levar o negócio é essencial para manter uma empresa. Os investidores buscam muito mais do que uma organização que ofereça lucros.

Acontece que ser ESG nada mais é do que ser sustentável, apontar o modelo de negócio para uma equação de soma de propósitos: o econômico, o social e o ambiental. Desde 1972 houve uma guinada sustentável no Mundo, no Brasil tornada dever e base de toda a nação, a partir de 1988 e da norma maior firmada pela constituinte.


Mas, porque somente agora, quarenta anos depois, se fala tanto em sustentabilidade nos negócios e empresas, com a nova roupagem e rótulo ESG? Realidade ou lacração?

Algumas iniciativas são puro marketing, as vezes dão certo e outras tantas errado.


ESG para os negócios

“Segunda sem carne”, por exemplo fez mal à grande marcas e não é nada sustentável, pois mostra um desequilíbrio entre social e econômico, com o ambiental. Pior, sem gerar qualquer ganho efetivo a preservação dos ecossistemas.


A guerra contra plástico, canudos e produtos testados em animais, por sua vez, gera dividendos de imagem e de lucro, mas, igualmente, pouco resultado prático ESG, pois plástico é reciclável, canudo também, bastando serem adequadamente dispostos, enquanto os integrantes das empresas e usuários de produtos das mesmas estão, inexoravelmente, consumindo, diariamente, todo tipo de produtos testados em animais, principalmente os que salvam vidas, como medicamentos, procedimentos médicos e vacinas.


O equilíbrio tem que ser o vetor, jamais o extremismo ou radicalismo, além das ações sistêmicas, engajadas e, notadamente, as mais efetivas e abrangentes.

Portanto, uma sociedade, um estado ou empresa se quiser ser ESG, para além do marketing, com resultados, deve partir de um pilar: exortar a educação ambiental. Pouco se fala e se faz a esse respeito.


ESG e Educação Ambiental

A sociedade como um todo, as empresas, o ensino formal e informal, a mídia, os órgãos públicos executores e as instituições fiscalizadoras deixam de materializar o dever de promoção da educação ambiental em todos os níveis do ensino no Brasil.


Trata-se de obrigação contida no art. 225, § 1º, VI, combinada com a Lei da Política Nacional de Meio Ambiente (n.º 6938/81), além da regulação específica para a matéria, através da norma que disciplina a Política da Educação Ambiental (n.º 9795/99).


A educação ambiental deve estar presente na esfera formal (ensino público e privado), de modo transversal (em todas as disciplinas do currículo) e específico (matéria própria), e também informal (nas empresas, domicílios, organizações sociais, na comunicação, incluindo rádio, jornais, revistas, TV, internet, nos órgãos e instituições públicas, etc).

Não é o licenciamento, nem as avaliações de impacto ambiental, as multas estratosféricas e outras medidas isoladas e pós dano, que irão induzir as pessoas à práticas sustentáveis, que e ajudem no combate a seca, desmatamento, poluição e com a grave questão das mudanças climáticas.


Não é demonizar a carne, políticas de gênero, raça, opção sexual. Não são as caras ações de marketing. O ESG de verdade passa, primeiro, pela educação, conscientização, capacitação e difusão dos comportamentos que promovam os avanços sociais, ganhos econômicos e preservação ambiental.


Verdadeiros pilares do ESG

Educação: este instrumento fundamental de ESG, para a concreta a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, justiça social, igualdade entre as pessoas e acesso a renda, para as presentes e futuras gerações.

Há várias categorias de atuação, desempenho e concretização do ESG de verdade, com grandes soluções, oportunidades e resultados, inclusive financeiro, com menor custo do que o ESG a que denominamos de “lacração”, muito mais focado em parecer ser ou ter, do que realmente fazer.


Entre os anos 1990 e 2000, surgiram os primeiros índices socialmente responsáveis. Dessa forma, os critérios ESG passaram a ser considerados para tomar decisão sobre investimentos, além de servirem como incentivo para as empresas melhorarem sua performance de investimentos no longo prazo.



ESG é valor antigo, histórico, iniciado a partir da década de setenta. É prática séria e relevante. Por isso não pode ser instrumento manejado por oportunismo, por especialistas de ocasião, por mero marketing, pela tal lacração ou temor do nefasto cancelamento.


Como implementar ESG em diferentes negócios

Deve-se seguir os indicadores legais e os clássicos da GRI (Global Reporting Initiative), reconhecidos por mercado. Isso é básico. Métricas e realizações em desempenho econômico, compras e gestão da cadeia produtiva, conformidade, combate à corrupção e à concorrência desleal; melhores práticas regulatórias, ética, de controle, compliance e tributárias.


Planejamento

Atenção, planejamento e ação, com instrumentos efetivos e cooperativos à categorias ambientais, como mudanças climáticas e emissões, gestão hídrica e uso da água, gestão energética, recursos naturais, incluindo os minerais, claro, biodiversidade resíduos e economia circular.


Também é básico seguir padrões que já são legalmente assegurados e determinados pelos denominados direitos sociais, com um plus de ativação em matéria de geração de emprego e renda, melhores meios e práticas nas relações trabalhistas, atenção à saúde e segurança de trabalhadores e de consumidores, além das hoje sobrelevadas pautas da diversidade, equidade e inclusão, combate à discriminação, destacando-se ainda, o tema da privacidade e intimidade, com a vigência e eficácia plena da LGPD.

Gestão e estratégia

Engajamento de stakeholders, com o mapeamento, classificação, relacionamento e transparência nas demandas de públicos estratégicos, em processos estruturados e de valor compartilhado, levando à efeito, ou justificando o porquê não, das contribuições de stakeholders na tomada de decisão.


Não se pode olvidar a Sustentabilidade, como essência da corporação, verdadeiramente integrada numa cadeia perene e séria de de geração de valor, que considere os diversos vetores sinérgicos e equilibrados (econômico, ecológico e social).

Para tudo isso é preciso boa e específica gestão ESG. Estruturas peculiares e capacitadas específicas, com comitês ou áreas dedicadas, serão valorizadas a adoção de ferramentas como matriz de materialidade (com participação dos stakeholders), avaliação de impactos na operação e na cadeia de valor, indicadores e mecanismos de gestão de temas materiais.


Metas

Aqui, a existência de metas ESG atreladas à remuneração (em porcentagem relevante) é a diferença entre finalistas e vencedoras. Outro ponto de alta importância é quanto à relevância interna dada ao ESG.


O envolvimento da liderança com o tema, inclusive com exemplos partindo do top-down. O tempo dedicado e a disponibilidade para tratar do tema serão indicadores importantes. Não basta a adesão a boas práticas bem conhecidas. É preciso que isso “circule na veia” da corporação.

Mas isso não é suficiente, pela nossa percepção de implantação ou auditoria das práticas ESG.


Diagnosticámos, na prática, mas também em algumas pesquisas científicas ainda em fase inicial, que o ESG de verdade, como o nome dado a estes valores tão caros, antigos, normatizados e exigidos pelo mercado, começa com E, de educação, não a politicamente correta, mas a básica, a doméstica e a corporativa. Este deve ser o pressuposto, basilar, para encarnar o ESG na sociedade e, notadamente, na organização.


Uma corporação que age sem educar e conscientizar seus membros, jamais será ESG de verdade. Demais disso, é preciso ter planejamento e ações sistemáticas, das boas práticas ambientais, sociais e de governança, com métricas, avaliações permanentes e até cálculos e apresentação numérica de resultados, sujeitos à auditagem interna, externa e mesmo do público em geral.

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